Dá para apostar com VPN?

A questão parece direta, mas os detalhes por trás dela envolvem a regulamentação mais recente, práticas das casas de apostas e relatos reais de quem já tentou. Seja para acessar sites bloqueados, manter contas ativas no exterior ou contornar falhas de localização, o uso de VPN se tornou uma solução tentadora. Só que, em muitos casos, os riscos superam qualquer vantagem.

Neste artigo, explicamos o que diz a lei, como agem as casas, o que dizem os usuários e em que situações o uso de VPN pode causar mais problemas do que soluções.

Desde que a Lei nº 14.790/2023 entrou em vigor, apenas casas de apostas licenciadas pelo Ministério da Fazenda podem operar legalmente no Brasil. Como consequência, várias plataformas internacionais passaram a estar bloqueadas. Para alguns usuários, especialmente os que já tinham conta ativa nesses sites, a VPN passou a parecer a única alternativa.

Essa situação também atinge muitos brasileiros que vivem no exterior. Eles usam sites como Bet365, Stake ou DraftKings fora do país, mas ao visitar o Brasil descobrem que o acesso está bloqueado. Nessa hora, ligar a VPN parece o caminho mais fácil para continuar apostando.

A pergunta parece simples, mas a resposta exige uma análise cuidadosa. Depois da regulamentação, o acesso a muitas plataformas mudou, e o uso de VPN passou a parecer uma saída simples. O problema é que ela traz consequências que muita gente só descobre quando é tarde demais.

Ter uma VPN no celular ou computador é totalmente legal no Brasil. O que pode gerar problemas é usá-la para mascarar a localização e acessar plataformas que não estão autorizadas a operar no país.

A regulamentação brasileira exige que as casas licenciadas verifiquem a localização real dos usuários e bloqueiem o acesso de regiões onde a operação não é permitida. Se um usuário burla essa regra com uma VPN, ele está violando os termos da operadora. Isso pode resultar em suspensão da conta, bloqueio de saques ou perda total do saldo.

O caso do X (antigo Twitter), que chegou a ser bloqueado no país em 2024, também serviu de alerta. Na ocasião, o STF ameaçou aplicar multas diárias a quem usasse VPN para contornar o bloqueio. Mesmo sendo um cenário diferente, mostra que usar VPN para burlar restrições pode gerar reações sérias por parte das autoridades ou das próprias plataformas.

Sim, e com cada vez mais precisão. Casas como Betano, Bet365 e Sportingbet utilizam ferramentas avançadas para identificar o uso de VPN. Isso inclui análise de IP, GPS, idioma do sistema, fuso horário e outros sinais.

E há um ponto interessante: segundo alguns comentários na Play Store, mesmo usuários que não estão usando VPN podem enfrentar problemas se tiverem aplicativos de VPN instalados no celular.

Esses relatos mostram que os sistemas de verificação de localização são sensíveis e nem sempre precisos. A simples presença de apps de VPN pode ser suficiente para acionar alertas nas casas.

Mesmo que tecnicamente seja possível acessá-las com VPN, não recomendamos apostar em sites que não possuem licença para operar no Brasil. Essas plataformas não seguem as regras da legislação brasileira, não oferecem garantias ao usuário e, em caso de problema, você fica totalmente desprotegido.

Além disso, com a oferta atual de casas licenciadas no país, não faz sentido correr riscos desnecessários com operadoras que não seguem normas locais.

Ainda assim, é importante entender por que muitos usuários recorrem a essas plataformas.

Estes sites costumam ser mais permissivos. Eles aceitam depósitos em criptomoedas, não pedem verificação de identidade logo de início e, com o uso de uma VPN, o acesso inicial costuma ser possível.

É justamente isso que atrai parte dos apostadores: a sensação de liberdade. Mas essa liberdade tem um preço.

A conta até pode funcionar por dias ou semanas. Mas quando chega a hora de sacar, especialmente após uma grande vitória, é comum surgirem exigências de verificação ou bloqueios súbitos, com pouca ou nenhuma explicação.

E como essas plataformas não são regulamentadas no Brasil, não há suporte local, nem recurso legal caso o seu dinheiro fique preso. Você aposta por sua conta e risco, e, em muitos casos, perde.

Essa é uma situação comum para brasileiros que vivem no exterior. Muitos têm contas ativas e legítimas em casas de apostas que operam legalmente no país onde residem. Mas ao visitar o Brasil, descobrem que o acesso está bloqueado por geolocalização.

É compreensível que tentem usar VPN para manter o acesso, mas essa escolha traz riscos: inclusive de bloqueio definitivo da conta, já que o uso de VPN pode violar os termos de serviço, mesmo que a conta tenha sido aberta legalmente fora do país.

Se você está nessa situação, a melhor alternativa é entrar em contato com o suporte da operadora antes de tentar burlar o sistema com VPN. Algumas casas podem oferecer exceções ou formas alternativas de verificação se você comprovar que está em viagem temporária.

Outra opção é utilizar um plano de dados móveis do país onde a conta foi criada. Com roaming ativo, muitos sites e apps conseguem reconhecer a conexão como legítima: mas atenção aos custos, pois navegar com roaming internacional pode gerar tarifas elevadas.

Seja qual for o caminho escolhido, evite ações que possam ser interpretadas como tentativa de fraude. A transparência com a operadora ainda é a forma mais segura de preservar sua conta e seus fundos.

Para quem pretende apostar em plataformas licenciadas no Brasil, não faz sentido algum usar VPN. O acesso já está liberado, os métodos de pagamento são locais (como Pix) e o suporte é em português. A experiência é mais segura e direta.

Para quem quer acessar casas estrangeiras, o uso de VPN pode parecer uma solução rápida, mas envolve riscos significativos. Além de violar termos de uso, compromete a segurança da conta e pode levar à perda total do saldo, sem qualquer proteção legal.