
Avaliação da Fanbit

A Fanbit garantiu seu lugar na lista oficial do governo, mas sua plataforma revela uma contradição: o site é praticamente uma tradução direta da versão internacional, ignorando regras vitais da nova regulamentação brasileira.

A imagem acima fala por si. A Fanbit destaca logo na homepage a oferta de pagamentos via criptomoedas, uma opção expressamente vetada pela regulamentação brasileira. Claro que, depois de fazer seu cadastro, a plataforma apenas permite depósitos via Pix.
Essas informações erradas acontecem porque a Fanbit não adaptou seu produto para o Brasil; limitou-se a traduzir a plataforma internacional (e nem ao menos fez isso no site todo). Quem visita a plataforma encontra regras operacionais completamente gringas.
Se a casa publicita métodos de pagamento que a lei proíbe, quão segura é a experiência para o apostador brasileiro? Foi isso que a equipe do Site de Apostas foi investigar.
Quem é a empresa por trás da Fanbit?
A empresa que controla a marca Fanbit é a 7MBR LTDA, que também é dona dos site de apostas CGG e Vertbet, já que a licença brasileira dá direito de exploração de até 3 marcas.
Legalmente, a atuação dessas marcas está amparada pela Portaria SPA/MF nº 844 (de 17 de abril de 2025), com suas atualizações posteriores nas portarias nº 975 e nº 1.176.
A 7MBR LTDA tem sede em São Paulo e foi estabelecida em 2024 justamente para solicitar a licença de apostas online e operar nesse setor. Além da Fanbit, Vertbet e CGG, já constou na nesta licença a marca internacional Cbet, que posteriormente foi substituída pela CGG.
Ou seja, a 7MBR LTDA tem ligações claras com uma outra empresa que opera estas marcas em diversos outros mercados internacionais. As semelhanças entre todas estas plataformas de apostas são claras.
As falhas da Fanbit
Ao testarmos a plataforma a fundo, ficou claro que a Fanbit ainda está em uma fase de transição desajeitada entre sua operação internacional e a exigente regulamentação brasileira. Identificamos quatro pontos críticos que o apostador precisa saber antes de criar sua conta.
- Informação ilegal vs. plataforma em conformidade: O site induz ao erro. Nas páginas informativas e banners, a Fanbit diz aceitar criptomoedas, cartões de crédito e boleto (métodos hoje vetados para proteger o jogador). Porém, na prática, o sistema de depósito já está bloqueado para aceitar apenas o PIX, como manda a lei. Isso significa que a plataforma está tecnicamente compliant nos pagamentos, mas a comunicação está errada e desatualizada, gerando confusão desnecessária e fazendo parecer que estão cometendo ilegalidades.
- Regras não foram adaptadas ao mercado brasileiro: Ao consultar o FAQ e as Regras de Apostas para tirar dúvidas, encontramos textos genéricos traduzidos de outros mercados. Isso é perigoso pois as informações ali presentes não batem nem com a Lei 14.790 e, muitas vezes, nem com o funcionamento real do site no Brasil. Se você tiver um problema e consultar as regras, lerá diretrizes que não se aplicam à sua conta aqui.
- Ausência de KYC no cadastro: Este é o ponto mais preocupante e grave. Conseguimos realizar o cadastro completo na Fanbit com extrema facilidade, sem passar pelo processo de verificação de identidade (KYC). A validação documental e reconhecimento facial são medidas obrigatórias por lei para evitar fraudes, lavagem de dinheiro e acesso de menores. Permitir apostas sem essa etapa compromete a segurança da operação e coloca a casa em risco perante o regulador. Nossa equipe conseguiu até fazer o cadastro usando CPF e moradas aleatórios.
Essas falhas serão corrigidas?
O mais provável é que sim. Se não for por iniciativa da casa (que parece lenta na adaptação ao mercado brasileiro), será certamente por pressão da entidade reguladora.
A Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) estará monitorando ativamente os operadores licenciados. Manter informações sobre criptomoedas ou ignorar o KYC são infrações que colocam em risco a manutenção da licença, algo que nenhuma empresa que investiu milhões para entrar no mercado brasileiro deseja perder.
A prova de que a empresa já está se movendo é a sua outra marca, a CGG, onde algumas correções já foram aplicadas:

Na CGG, outra marca da mesma empresa, a referência a criptomoeadas foi removida da homepage
Heróis do Esporte é legal?
Além das falhas técnicas, a Fanbit traz um produto que nos chamou a atenção por sua singularidade, mas acima de tudo por sua complexidade regulatória.
O Sports Heroes (Heróis do Esporte) tenta gamificar a experiência. Em vez de apostar sozinho, você segue especialistas (os Heróis) em uma jornada, com mecânicas de videogame:
- Sistema de Vidas: Se errar uma aposta, perde uma vida. Se zerar as vidas, é eliminado.
- Multiplicadores: A casa financia aumentos de aposta (x2 a x1000).
- Copy-betting: Você copia as entradas de terceiros.

Embora inovador e até com potencial de ser divertido, esse formato coloca a Fanbit numa zona cinzenta. A legislação brasileira regulamentou as apostas de quota fixa (onde você sabe quanto ganha se acertar o resultado esportivo). O modelo de "vidas", "aventuras" e "multiplicadores financiados pela casa" mistura conceitos de Fantasy Game com aposta esportiva tradicional.
Ainda não há uma diretriz específica da Secretaria de Prêmios e Apostas sobre esse tipo de mecânica híbrida. Por enquanto, é um diferencial criativo, mas resta saber se passará no crivo rigoroso da fiscalização nos próximos meses.
Fanbit se irá adaptar, mas quando?

Entendemos que a entrada em um mercado recém-regulado é complexa e que alguma lentidão nos ajustes é natural. Porém, o que encontramos na Fanbit ultrapassa o limite do aceitável.
Existem mínimos exigidos que já deveriam estar implementados há tempos. A ausência de verificações básicas e a manutenção de informações conflitantes sugerem que a marca, por enquanto, não está tratando o Brasil com a prioridade devida.
A título de comparação, vimos diversos operadores sérios optarem por manter seus sites offline até estarem 100% compliant. Essa é a postura responsável. Ao operar pela metade, a Fanbit passa a impressão de estar improvisando, enquanto concorrentes já entregam um produto finalizado e seguro. Tempo para fazer o básico, afinal, eles já tiveram.


