Por que a Neteller não é mais aceita em casas de apostas no Brasil?

A decisão de restringir métodos como a Neteller não foi aleatória, mas sim uma consequência direta da Regulamentação das Apostas Esportivas e Jogos Online no Brasil, baseado na Lei nº 14.790/2023 e detalhada em portarias do Ministério da Fazenda. As novas regras criaram um mercado regulado, mais seguro e transparente. Para isso, o Banco Central do Brasil (BACEN) passou a supervisionar as transações financeiras do setor com regras claras.

Essas novas diretrizes exigem que todos os pagamentos (depósitos e saques) em casas de apostas licenciadas ocorram através de instituições autorizadas pelo BACEN e integradas ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). Neste novo contexto, o PIX foi priorizado por permitir a rastreabilidade e o controle necessários. Além disso, tornou-se obrigatória a verificação de titularidade (Conta Nominal): o dinheiro deve sempre transitar entre contas pertencentes ao mesmo CPF registrado na plataforma de apostas. Essas medidas visam aumentar a segurança, prevenir a Lavagem de Dinheiro (PLD) e combater a evasão fiscal.

Então, por que a Neteller não se enquadra nessas regras?

A Neteller, por ser uma carteira digital internacional (e-wallet), opera fora dessa supervisão direta do BACEN e do SPB exigida para as apostas no Brasil. Sua estrutura dificulta a rastreabilidade ponta-a-ponta e a verificação rigorosa da Conta Nominal conforme as novas normas brasileiras. Por isso, ela (e outras e-wallets internacionais similares como Skrill, AstroPay ou ecoPayz) deixou de ser um método de pagamento direto compatível com a regulamentação específica deste setor.

É importante referir que a questão não é a segurança geral da Neteller para outros usos, mas sua incompatibilidade com os requisitos técnicos e de controle definidos pela legislação brasileira para o mercado regulado de apostas online. Para entender todo o cenário, veja nosso guia completo de pagamentos em apostas online.

A Neteller saiu de cena com as novas regras, mas a verdade é que o PIX já era o meio de pagamento preferido dos apostadores brasileiros. Segundo um relatório da empresa especializada Pay4Fun, cerca de 97% das transações em plataformas de apostas em 2024 foram realizadas via PIX. A legislação apenas oficializou essa preferência, tornando o PIX o método padrão (e quase exclusivo) nas casas de apostas licenciadas. Isso aconteceu porque ele já atendia naturalmente às exigências do BACEN de segurança, rastreabilidade e conta nominal, essenciais para o novo cenário.

O processo de uso é simples e familiar, feito diretamente no app do seu banco, como muitos já fazem no dia a dia. A mudança real foi sentida principalmente pelo nicho que utilizava e-wallets internacionais.